O ator Francisco Cuoco, um dos grandes nomes da dramaturgia brasileira, morreu nesta quinta-feira (19), aos 91 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada por familiares à Folha de S. Paulo.
Cuoco estava internado há cerca de 20 dias no Hospital Albert Einstein, onde permaneceu sedado durante todo o período. Segundo relatos da irmã, Gracia Cuoco, o ator enfrentava complicações de saúde causadas pela idade e por um ferimento infeccionado. A causa oficial da morte ainda não foi divulgada.
Uma trajetória marcada por grandes papéis
Natural do Rio de Janeiro, Francisco Cuoco abandonou o curso de Direito ainda jovem para seguir sua vocação artística. Ingressou na Escola de Arte Dramática de São Paulo e, em 1959, passou a integrar o Teatro dos Sete, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Sérgio Britto.
Na televisão, iniciou sua carreira na década de 1960, com atuações no programa Grande Teatro Tupi, quando a TV ainda era ao vivo. “Tínhamos que improvisar muito. Foi um aprendizado incrível”, relembrou em entrevista ao projeto Memória Globo.
Sua primeira novela foi “Marcados Pelo Amor” (1964), na TV Record, mas o reconhecimento veio com “Redenção” (1966). Já na TV Globo, estreou em 1970 como o padre Vítor em “Assim na Terra Como no Céu”, escrita por Dias Gomes.
Ao longo da carreira, Cuoco estrelou mais de 20 novelas, com papéis marcantes em produções como “O Astro”, “Pecado Capital”, “O Outro” e “Feijão Maravilha”, consolidando-se como um dos galãs mais populares dos anos 1970 e 1980.
Fim de vida reservado e delicado
Nos últimos anos, Cuoco enfrentava problemas de saúde e mobilidade. Em entrevista recente à Folha, o ator revelou que não conseguia mais ficar em pé sozinho e precisava da ajuda de cuidadores até para tarefas básicas, como o banho. Ele também lidava com ansiedade, infecção nos rins e sobrepeso — chegando a pesar cerca de 130 kg.
Vivendo com a irmã, Gracia, de 86 anos, na zona sul de São Paulo, Cuoco levava uma rotina mais discreta, longe da televisão — sua última aparição foi em 2023.
Mesmo com as dificuldades, manteve o olhar sensível e reflexivo sobre a profissão:
“É importante que os personagens tenham vida própria. Prefiro que o personagem sufoque o Francisco.”
Com sua morte, o Brasil se despede de um artista que marcou gerações, deixando um legado inestimável para o teatro e a teledramaturgia nacional.