Pesquisa desenvolvida nos Estados Unidos mostrou que biomarcadores aumentaram até 95% mais rápido em pessoas obesas comparadas a indivíduos sem a condição
A obesidade pode acelerar a progressão do Alzheimer. É isso o que aponta um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, apresentada na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, os níveis de biomarcadores sanguíneos relacionados à doença aumentam até 95% mais rapidamente em pessoas com obesidade em comparação com indivíduos sem essa condição.
A investigação, conduzida entre 2020 e 2025, analisou dados de 407 voluntários inscritos na Iniciativa de Neuroimagem da Doença de Alzheimer. Os participantes foram submetidos a exames de tomografia por emissão de pósitrons (PET) e coletas de sangue regulares durante os cinco anos do estudo.
"Esta é a primeira vez que mostramos a relação entre obesidade e doença de Alzheimer medida por testes de biomarcadores sanguíneos", afirmou o professor de radiologia, Cyrus Raji, Ph.D., autor sênior do estudo e investigador principal nos Laboratórios de Pesquisa em Neuroimagem do Instituto Mallinckrodt de Radiologia.
Durante o estudo, os pesquisadores analisaram amostras de plasma para diversos biomarcadores relacionados à doença de Alzheimer, incluindo níveis de pTau217, NfL e GFAP plasmático, utilizando testes comerciais líderes no mercado. Os testes sanguíneos detectaram alterações cerebrais muito antes que os exames de imagem pudessem identificá-las.
A análise revelou que pessoas com obesidade experimentaram um aumento de 29% a 95% mais rápido nos níveis da proteína pTau217 no plasma. A obesidade no início do estudo também foi associada a um aumento 24% mais rápido no NfL plasmático e um aumento 3,7% mais rápido no acúmulo de amiloide.
"O fato de podermos rastrear a influência preditiva da obesidade no aumento dos biomarcadores sanguíneos com maior sensibilidade do que o PET é o que me surpreendeu neste estudo", afirmou Raji.
A partir desses resultados, os pesquisadores também planejam investigar como medicamentos para perda de peso poderiam afetar os biomarcadores do Alzheimer em estudos futuros. "Esta é uma ciência tão profunda para acompanhar agora porque temos medicamentos que podem tratar a obesidade de forma bastante poderosa, o que significa que poderíamos rastrear o efeito de medicamentos para perda de peso nos biomarcadores de Alzheimer em estudos futuros", pontuou o pesquisador.
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